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Concupiscência (cobiça por bens materiais): entenda

Concupiscência é entendida como a força que nos faz cobiçar bens materiais, ter ganância por dinheiro, desejo por vingança, inveja e até mesmo luxúria. Pelo contrário do que muita gente pensa, ela não é um pecado em si, mas sim a tentação de cometê-los e de a tendência a maldade.

Para cristianismo e judaísmo, devemos lutar diariamente para evitá-la e combatê-la entre as pessoas ao redor. Mas você sabe a origem da concupiscência? quer entender o que cada linha de pensamento acredita dela? então continue lendo esse conteúdo.

O que é concupiscência

Concupiscência pode ser entendida como o princípio da natureza humana que nos leva a cometer algum pecado. Ou seja, segundo as religiões, ela é aquele fator que nos afasta de Deus, diminui nossa santidade e nos torna perverso. Ela é entendida como algo que os seres humanos adquiriram ou que já foram criados sob, dependendo da crença.

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A concupiscência é algo presente em todas as pessoas e de acordo com o cristianismo e o judaísmo, temos o direito de evitá-la ou aceitá-la. Isso constitui o livre arbítrio, que é o direito dado por Deus que nos permite fazer o que desejamos.

Diferentes perspectivas de concupiscência

Apesar do significado apresentado, o pecado foi construído através de séculos por religiões e pessoas. Por isso, ele acaba tendo diversos pontos de vista de acordo com cada crença ou filosofia. Veja então as perspectiva da concupiscência.


Perspectiva Judaica

No judaísmo, existe o conceito de inclinação maligna que se traduz na tendência da humanidade de criar o mal e violar as leis de Deus. No entanto, diferente do cristianismo, esse fator não é decorrente do pecado original (a desobediência de Adão e Eva em comer do fruto proibido, instigados pela serpente) mas sim da tendência humana de perverter as necessidades naturais de sobrevivência do corpo físico.

Ou seja, a necessidade de comer se torna gula, a de procriar se torna luxúria, de descansar vira preguiça e assim por diante, até chegar concupiscência, que é tida como um grande desejo por algo, podendo ser sexual, ganância por dinheiro, bens materiais, vingança e etc.

No judaísmo a inclinação maligna é algo natural da criação de Deus, e ele promoveria a ajuda para que pudéssemos dominar essas tendências. Segundo as escrituras, é possível que a humanidade supere a inclinação maligna, por isso os judeus acreditam que é possível escolher ser bom, por tanto devemos ser.

Concupiscência

Perspectiva de Agostinho

Agostinho Foi um filósofo muito importante e de muita influência no cristianismo mesmo atualmente. Ele criou interpretações da bíblia e as publicava permitindo com que pessoas tivessem acesso a essas informações. Além de estudar sobre as escrituras sagradas, ele fez contribuições importantes para a filosofia no geral, em um tempo tão preso que era a idade média.

Entre as contribuições de Agostinho no cristianismo é que ele fala sobre concupiscência num sentido muito mais sexual, tanto que na publicação Confissões de Agostinho ele usou essa palavra para se referir a ao pecado da luxúria. Ele acreditava que o pecado de Adão é transmitido hereditariamente pela concupiscência, tornando a humanidade numa massa de perdição com seu livre arbítrio bastante enfraquecido, porém ainda existindo.

Quando Adão e Eva pecaram, por consequência, suas almas se transformaram e ao procriar, ambos criaram uma humanidade com uma natureza pecaminosa. Seus descendentes viveram em pecado na forma de concupiscência que, segundo Agostinho, não era um estado, mas sim uma má qualidade, a privação do bem e uma ferida.

Ele admitiu que a libido pudesse ter sido apresentada antes, na existência perfeita da humanidade no jardim do Éden, mas que foi pervertida por conta da desobediência a Deus.

Perspectiva de Pelágio

Este foi mais um filósofo do cristianismo da idade média, no entanto suas ideias eram justamente em oposição às de Agostinho. Sua motivação para escrever suas obras foi justamente tentar combater o pensamento dele. Apesar de Agostinho ter conseguido se tornar popular e suas idéias se difundiram por toda a população, muitas pessoas concordaram com Pelágio e foi assim que nasceu o pelagianismo.

Esse filósofo tinha ideias semelhantes às judaicas em relação a concupiscência. Ele acreditava que a humanidade tinha plena escolha de ser boa ou má desde sua criação, mesmo após o pecado original. Por isso, pelagianismo rejeita a ideia de concupiscência e abraça algo semelhante a de inclinação maligna. Ele conclui que, por isso, a humanidade não precisa de graça.

Concupiscência

Perspectiva católica

O catecismo da igreja católica ensina que Adão e Eva nasceram em um estado original de santidade e justiça, livres de concupiscência. Assim, eles eram dotados de atributos que, embora fossem naturais, não eram da ordem humana como imortalidade e liberdade da dor, alto grau de conhecimento, imunidade de impulsos e do mal e a visão de Deus na próxima vida. A igreja católica também ensina que eles tinham graça santificante pela qual fora elevados a ordem sobrenatural.

No entanto, todos esses dons especiais foram tirados deles após o pecado original e lhes foram deixados apenas os atributos naturais. Por isso, passaram a ter tristeza, desejos malignos, dor e morte.

A igreja afirma que Deus poderia nos deixar com menos ainda, de forma que nosso corpo não se sustentasse propriamente. Porém, como um governante que pode atribuir vantagens a uma família com a condição que sejam leais a ele, não poderia ser injusto e, na hora que essa família ferisse essa lealdade, ordenassem cortar os pés e as mão de seus filhos.

Por isso, como resultado do pecado original, a natureza humana não foi completamente corrompida, mas sim enfraquecida. Com isso, ela é dominada pelo sofrimento, ignorância, morte e pela inclinação ao pecado, chamada de concupiscência.

No entanto, é possível que a natureza humana possa se voltar para a santidade e a igreja afirma que pode ensina-la a fazer isso.

Por fim, esperamos ter feito você entender o que é concupiscência em cada uma das linhas de pensamento. Se você gostou do nosso texto, que bom! nós os criamos para tirar vários tipos de dúvidas que podem surgir sobre qualquer coisa, informando definições e conceitos. Comenta aqui embaixo para a gente saber o que você achou.

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