Língua Portuguesa

Quiçá: entenda o significado e veja quando usar

Classificado como um advérbio na norma culta da língua portuguesa, o temo quiçá possui como principal sentido algo como “um fato que eventualmente pode acontecer”, puxando pela semelhança com “porventura” ou “talvez”, ficando totalmente no campo das especulações, sem fatos concretos de que realmente acontecerá.

O termo é um derivado do espanhol, que normalmente utiliza a palavra quizá com o mesmo sentido e significado. Porém, a base desta palavra é totalmente derivada do latim, como boa parte do vocabulário explorado pelas línguas latinas.

Explicando mais sobre o termo

Aplicado com um chamado “advérbio de dúvida, o quiçá é um termo de origem em expressão latina extremamente antiga. Trata-se de “quis sapit”, que significava “quem sabe?”. Já com esse teor duvidoso, o termo foi ganhando outros formatos e chegou à língua portuguesa já bem instaurada no vocabulário espanhol, bem aplicada no lugar dos termos “porventura” e “talvez”.

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Mas como uma série de palavras que saíram do vocabulário espanhol, quiçá também passou por uma adaptação para ser acoplado ao português. A palavra perdeu o “z”, que gera fonemas absolutamente comuns na linguagem da Espanha, para a presença do “ç”. Este mesmo efeito aconteceu com outras palavras espanholas que acabaram sendo aproveitadas pelos portugueses, como é o caso de “geringonça”.

Aprofundando o significado

“Quiçá” é utilizado, principalmente, para definir algo que “eventualmente! pode acontecer. Dessa forma, não há nenhuma afirmação sobre o fato, mas ao mesmo tempo em que não existe nenhum descarte. Por isso que, de forma mais clara, fica evidente a sua substituição pelo termo “talvez em uma linguagem coloquial. Não há nenhuma certeza sobre o fato a ser citado.


Por estar ligado a uma situação que pode ou não ocorrer, quiçá preenche perfeitamente as ideias de que “de alguma maneira o fato é possível”, ao mesmo tempo em que há um “mas não se dá certeza”. A ideia de probabilidade é clara, sem menção ao que é verdadeiramente comprovado ou absolutamente descartado.

Exemplos do uso de “Quiçá”

O uso do quiçá, na prática, também pode evidenciar um desejo de maneira direta: “Chove muito nos últimos dias por aqui, quiçá tenhamos um final de semana tranquilo”. Mas estes casos não estão resumidos apenas ao clima: “Receberei a nota da prova nesta semana, quiçá tenha tirado um dez”.

Também é possível adicionar o termo ao comentar um roteiro de viagens: “Estarei viajando para a Argentina e, quiçá, para o Equador também”. Ou também é possível realizar citações sobre planos futuros: “Quiçá, no próximo ano adquirirei um carro novo”. ou “Quiçá conhecerei a Europa nas próximas férias”.

No ambiente esportivo, a palavra também é normalmente aplicada para efeitos de comparação ou afirmações que não necessitam de comprovação. “Hoje em dia, ele é, quiçá, o melhor jogador de futebol de salão”. “Messi é genial e, quiçá, pode ser considerado melhor do que Maradona”. “Pelé foi o melhor jogador do século e, quiçá, seguirá sendo de todos os tempos”.

Há uma série de exemplos em que o termo pode ser aplicado: “O curso de veterinária, quiçá, será minha melhor opção!”, ou “Quiçá, terei de levar a calça até a confecção”. É possível notar que, em todos os casos, é possível notar ou desejo expresso ou o questionamento sobre qual será o fato que pode ocorrer, sem afirmar que ele definitivamente acontecerá.

Em alguns casos muito específicos, o termo quiçá pode expressar a ideia de receio ou dúvida. Um bom exemplo é: “Quiçá, não me enganei sobre ter lhe contado a verdade sobre os projetos em andamento”, ou “Embora tenha nevado a semana inteira, quiçá o final de semana será de muito sol”.

Quiçá

Sinônimos e antônimos

Para discutir o termo com maior profundidade, é preciso colocar quais sinônimos e antônimos são os mais claros na avaliação dos contextos do uso da palavra. Entre os termos considerados antônimos na maioria dos casos, podemos destacar o uso de “com certeza”, “logicamente”, “indubitavelmente”, “certamente” e “conclusivamente”, deixando clara a intenção de deixar a dúvida permanecer.

Quando são discutidas diretrizes culturais, é totalmente diferente a discussão do uso da palavra. As principais variantes são encontradas na música e na poesia, onde os compositores escolheram o termo para compor uma série de combinações que fariam mais sentido com a presença do tempo. Entre os ilustres formatos apreciados, podemos apontas a canção composta por Osvaldo Farrés, cubano que criou “Quizás, quizás, quizás“.

Entre os conhecidos sinônimos da palavra quiçá, é possível localizar uma ampla gama de opções. Os mais comuns a serem encontrados, além do já citado “talvez”, são “provavelmente”, “possivelmente”, “porventura”, “por acaso”, “quem sabe” e “eventualmente”.

Mas é importante destacar um ponto: em todos os casos, o desejo de quem está levantando o questionamento não está sendo colocado em prática. Para esta finalidade, a única palavra que ocuparia o espaço seria “tomara”, ou a composição popular “se Deus quiser”.

Redução do uso no Brasil

É importante destacar que, mesmo presente no dicionário da língua portuguesa há séculos, a palavra quiçá não foi aderida de forma tão intensa pela população em geral. É normal encontrar este termo sendo substituído de forma natural pelo “talvez”. Mas na língua espanhola, o uso continua sendo constante em uma série de expressões aplicadas ao conviver no país.

Por isso, muitas pessoas já consideram este termo um verdadeiro membro do arcaísmo. Este grupo de palavras reúne uma série de expressões antigas, que raramente são utilizadas nos dias de hoje. Há dois tipos diferentes: os arcaísmos linguísticos e os arcaísmos literários. No caso da palavra quiçá, é possível dizer que é um integrante dos dois grupos.

O arcaísmo linguístico diz mais sobre as regiões brasileiras, onde haviam diversas expressões que hoje não são empregadas. Como é o caso do “vosmecê” em praticamente todo o país. Já na literatura, basta ler uma poesia antiga para identificar várias destas palavras: outrossim, apalermado, ceroula, magote, deveras e muitas outras.

Mas em um modo geral, principalmente no Brasil, a palavra é aplicada em diálogos mais rebuscados, que fogem totalmente da linguagem informal. A ideia central, na maioria das vezes, é expressar o desejo de que aquele fato não confirmado aconteça, mesmo sem conhecer as possibilidades. Se não há a certeza de uma realização, torna-se comum desejar que “quiçá aconteça”.

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