O primeiro tempo cirúrgico, a diérese, é geralmente de maior tensão quando retratado na ficção. Costuma arrancar caretas, suspiros, espremer de dedos e despertar um grande sentido de alerta, pois representa momento de vulnerabilidade a quem se submete ao procedimento e perigo com o infalível e subsequente jorro de sangue proveniente do contato.
Mas para estudantes de medicina é o momento de maior ansiedade, mas de uma boa ansiedade, pois finalmente, depois de anos de estudo, vão ter contato direto com um paciente e manejando instrumentos médicos.
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Suas habilidades e decisões vão influir de modo significativo na vida de um paciente pela primeira vez. É talvez nesse momento que comecem a se sentir médicos de verdade, ao menos os que ambicionam fazer carreira executando procedimentos cirúrgicos.
Mas claro que a diérese precisa ser aplicada com método, utilizando os instrumentos adequados. E como dito se trata apenas do primeiro momento cirúrgico. Existem outros que precisam ser seguidos imediatamente o início da diérese.
Mas o que é diérese? Como é aplicada? Quais os tipos existentes? Como deve ser aplicada? Tiramos todas essas dúvidas a respeito do tema a seguir.
Prossiga com a leitura dos tópicos abaixo.
Confira!
Definindo diérese
O termo médico diérese é o ato de divisão de tecidos do corpo pelo qual é possível acessar a região a ser operada. A divisão ocorre por meio de materiais cortantes como bisturi, tesouras, pinças etc. Para cada tipo de diérese utiliza-se uma ferramenta específica.
É o primeiro contato incisivo para iniciar um procedimento cirúrgico. Contudo, a separação do tecido tem que seguir alguns critérios para facilitar o acesso a região a ser operada e também não provocar danos desnecessários ao paciente a ser operado.
Para fazer uma o procedimento corretamente é preciso avaliar a extensão adequada do corte para ter acesso fácil e de boa visibilidade. Atente-se que esses cortes são treinados antes em peles artificiais junto ao professor.
As bordas do corte devem ser nítidas, pois favorecem a cicatrização.
Deve se separa apenas uma camada por vez, pois do contrário é mais complicado controlar os danos. O primeiro plano a ser cortado é a pele. O segundo é o subcutâneo, na sequência o músculo e assim por diante.
O corte tem que também respeitar os cortes da linha de força da pele.
Os tipos de diérese
São vários tipos de diérese e cada uma corresponde a uma função, um objetivo dentro do quadro operatório.
Incisão
É o primeiro contato que rompe a pele. Utiliza-se para esse procedimento o bisturi. É o tipo de diérese mais famosa e normalmente retratado em filmes e séries, até porque é a parte mais “light” do serviço. Os outros tipos de diérese dão continuidade a esse primeiro contato e a conclusão como deve supor é um ângulo privilegiado de áreas normalmente inacessíveis e indigestas de um organismo.
Divulsão
A divulsão cumpre a função de separação das peles. A incisão faz o corte, mas depois é preciso separar as camadas para ter acesso à área a sofrer intervenção direta. Para fazer a divulsão é utilizado uma pinça hemostática.
Secção
A secção também corta tecidos, mas esse corte é feito com uma tesoura. Indicada para perfurar regiões mais sensíveis.
Punção
A punção é outra forma de diérese que tem como objetivo fazer a drenagem de líquidos para facilitar o acesso e evitar perda de fluídos de maneira descontrolada. A punção é realizada com a utilização de instrumentos perfurantes.
Dilatação
Como o nome indica, trata-se do aumento do diâmetro de canais e orifícios naturais para acesso de luminosidade. O instrumento usado para fazer a dilatação é a Vela de Hegar.
Serração
Procedimento conhecido como serração é mais utilizada em cirurgias ortopédicas, pois é o ato de serrar partes do corpo com uma serra. Instrumento usado principalmente para amputações de membros.
Dissecação
É a etapa final para a exposição de órgãos ou estruturas anatômicas. Nessa etapa conclui-se a separação de tecidos para o acesso a região a receber o procedimento operatório. Para esse trabalho usa-se pinças específicas de dissecação junto a uma tesoura.
Classificações de diérese
O procedimento conhecido como diérese pode ser classificado de duas formas: diérese física e diérese mecânica.
A diérese mecânica vale-se da utilização de instrumentos específicos para realizar os procedimentos. Esses instrumentos e tipos de diérese mecânica já foram citadas acima:
- Incisão;
- Punção;
- Secção;
- Divulsão;
- Dilatação.
Já a diérese física é caracterizada por provocar alterações físicas na região a ser primeiramente afetada. Exemplo é a diérese térmica. Nesse tipo de diérese usa-se o calor proveniente de energia elétrica fornecida por um bisturi elétrico.
Outro tipo de diérese física segue caminho inverso do da térmica. É a crioterapia. Resfria rápida e intensamente a parte do corpo que será submetida à intervenção cirúrgica.
É aplicado o nitrogênio liquefeito.
Há também a diérese física por meio de raio laser. O aparelho utilizado nesse tipo de procedimento é uma espécie de bisturi que aplica um feixe infravermelho de alta intensidade.
Outros tipos de diérese
É provável que na sua pesquisa sobre diérese tenha se deparado com outros significados associados ao termo. Como diérese de aplicação gramatical e fonética. Isso se deve ao significado do termo que se origina do vocábulo grego “diaréiõ”. Significa “dividir”.
Por isso, o termo se aplica em diferentes áreas que se utilizam do conceito de separação de elementos.
Como vimos, na medicina se refere ao ato de romper e separar tecidos. Na fonética e gramática, diérese é uma referência à transformação de um ditongo em um hiato. É a passagem de uma semivogal a uma vogal pronunciada como se fosse um hiato.
É um fenômeno fonológico. Exemplo é a palavra “vaidade”. A separação de sílabas correta é: Vai-da-de. Mas é comum ser pronunciada da seguinte forma: Va-i-da-de.
Note que o “i” foi separado da vogal que o acompanhava. Essa separação no campo linguístico é denominada diérese.
Esse termo também representa, ou representava, um sinal ortográfico. Dois pontos horizontalmente sobre uma vogal, a distinguindo, separando das demais. Esse sinal é mais conhecido como trema.
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