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Medíocre: qual o significado? Entenda aqui

A expressão medíocre tem sido normalmente mal empregada ao longo do tempo, embora, na verdade, ela signifique exatamente o que se quer dizer na maioria das vezes – ser medíocre é ter pouco significado, é não se sobressair, é ficar ao lado dos conformados, é aceitar ‘verdades’ sem questioná-las. Mas, exatamente como sugere esta introdução, não aceite as coisas sem pensá-las se estão verdadeiramente corretas.

Porque, na real, ser medíocre não é estar mal, é estar na média. Ao longo do tempo, esta palavra ganhou o significado pejorativo.

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Quando chamamos alguém de medíocre, quase sempre o fazemos no sentido de ofensa, quando deveria ser apenas uma constatação – ser medíocre é ser mediano, estar na média, não ser nem bom em suas tarefas e tampouco executá-las mal.


Definições que vêm desde Aristóteles

E essa é a grande questão, do ponto de vista pessoal, social e profissional. O medíocre não se destaca, ele aceita as coisas exatamente como lhe parece que são, sem questioná-las.

Por isso temos a impressão que essa pessoa está abaixo na média, quando, na verdade, ela está na média da multidão. Existem os que estão acima, que se destacam, e os que estão abaixo, os que não almejam nenhum lugar ao sol.


Trata-se de questão que vem sendo estudada desde os tempos da antiguidade. O filósofo grego Aristóteles, por exemplo, já classificava o ser humano em três categorias, há quase 2.500 anos: os sábios, os medíocres e os cretinos. E acrescentava que os sábios sempre buscam a verdade, os medíocres conformam-se com os fatos e os cretinos adoram falar de si mesmos.

Segundo o sábio grego, para o ser humano viver acima da média, precisa de uma postura diferente, não pode aceitar simplesmente o senso comum, o que agrada à maioria.

E aí Aristóteles definia o que efetivamente faz a grande diferença: o sábio jamais diz tudo o que sabe ou pensa, mas sempre pensa tudo aquilo que diz. O medíocre jamais chegará nessa posição de pensar ou raciocinar sobre alguma coisa, ele simplesmente a aceita como um fato, algo que é assim por que é.

Medíocre

Vida monótona, sem questionamentos

Ele é mediano, nem bom e nem mau. Tem uma posição insignificante, ordinária, vulgar ou irrelevante sobre fatos importantes. Esta pessoa normalmente não tem muitas qualidades ou habilidades e, por isso, raramente se destaca em uma posição que ocupe, seja no nível profissional ou mesmo social.

Do ponto de vista intelectual, tem pouco ou nenhum conhecimento acerca das questões em discussão ou postas à mesa. E isso transpassa para a vida, ou seja, trata-se de comportamento pessoal que torna a própria vida monótona ou medíocre, embora esta pessoa nem se aperceba disso.

Aceita ser ou viver assim, porque este é exatamente o seu modo de ser ou atuar – não questionar ou posicionar-se sobre o estado das coisas em que está inserido, mas, simplesmente aceitar e viver assim.

Mediocridade é um estado de ser

Isso equivale a deixar de viver, na interpretação do poeta gaúcho Mário Quintana, um dos que melhor vislumbrou essa situação. “Morrer, que importa? O diabo é deixar de viver” escreveu ele.

Ou seja, Quintana mostra nesses versos que muitas pessoas já estão mortas para a vida, mesmo mantendo-se vivas, com o coração batendo e em plenas atividades profissionais.

A mediocridade, portanto, é quase um estado de espírito ou de ser, em que a vida é tocada de forma simples e sem grandes ambições. É aceitar um dia depois do outro da mesma forma que o anterior, sem sobressaltos ou perspectivas de mudanças.

Comportamento social conformista

Isso ocorre porque o medíocre não tem mesmo aspirações de mudanças em sua vida. É um conformado, que até pode ter passado por um curso superior, mas, apenas para ter o conhecimento suficiente para fazer o que lhe mandam executar. Como é mediano, vai entregar exatamente o que lhe pediram, sem um centímetro a mais – e tampouco a menos.

Existem até mesmo teses acadêmicas que procuram demonstrar este comportamento conformista na sociedade, responsável inclusive por desastres políticos e eleição de outros medíocres, seja nos níveis municipal, estadual e também federal. O medíocre apenas repete fórmulas de sucesso, sem sequer questioná-las.

Medíocre

Um ‘Maria vai com as outras’

O medíocre passa a repetir refrão de origem popularesca como se isso representasse muito, quando, na verdade, é apenas mais uma mediocridade. Longe do sábio, que costuma questionar tudo o que se lhe aparece, em busca de melhorias ou aprimoramento, este cidadão de comportamento mediano sente-se recompensado pela comodidade de estar onde está e onde sente-se feliz.

Trata-se de comportamento que se repete bastante nos meios sociais. A pessoa deixa a decisão para os outros, por detestar assumir responsabilidades que possam prejudicá-lo.

Mesmo que outros levem a glória pela decisão, compartilha dela sem sequer um único questionamento. É o que popularmente se chama ‘Maria vai com as outras’.

Gosta da monotonia, tem pouca coragem

Também pode ser classificado como preguiçoso ou covarde. Em boa parte das vezes, pratica a cultura do medo de tomar decisões. Habitua-se ao padrão atual e, com isso, torna-se incapaz de questionar ou analisar a realidade em que se encontra.

Um pensador já resumiu muito bem essa situação: no quartel, o oficial manda marchar, não raciocinar; o funcionário manda pagar, não pensar; e o religioso grita, apenas acredita.

Por isso, o medíocre é uma pessoa que normalmente gosta da monotonia e de seguir sua rotina sem sobressaltos. Por falta de coragem, não assume responsabilidades. E por falta de iniciativas, o novo sempre pode representar algum perigo e, portanto, ‘deixa como está’.

Pode ser nocivo á sociedade

Por isso mesmo, outra característica do medíocre é o pessimismo, porque ele tem medo de mudanças. Esse tipo de comportamento leva-o a outra situação, que é detestar inovação e, por isso, dificilmente busca a reciclagem dentro de sua própria profissão.

“Se assim está bom, para que mudar?” – o medíocre tem um raciocínio de pouca altivez diante da própria vida.

E, finalmente, um comportamento comum ao medíocre é trabalhar muito, pois confunde quantidade com qualidade. Ou seja, é o comum ‘burro de carga’, aquele que costuma trabalhar muito, até mesmo na quota dos outros. Ele pensa e age pela quantidade. Por isso mesmo, pode tornar-se um sujeito nocivo à sociedade.

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yasmin