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Significado de senso comum: entenda o que é

O conceito de senso comum se refere à soma dos conhecimentos cotidianos, formados a partir das tradições, dos preconceitos, das crenças e dos hábitos das gerações que nos precederam.

Em termos filosóficos, o senso comum vem sendo empregado para identificar o sentido geral das explicações dadas pelas pessoas aos elementos da realidade que as cercam sem, para tanto, empregar comprovações científicas ou estudos prévios.

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Pensando nisso, apresentamos, ao longo deste artigo, em que consiste o termo “senso comum”, bem como sua relação com os conhecimentos científico e filosófico. Boa leitura!


Características principais do senso comum

Trata-se de um tipo de conhecimento transmitido de uma geração a geração. Por meio do senso comum, os homens embasam seus cotidianos e acessam explicações, mais ou menos satisfatórias, sobre o mundo.

A subjetividade é uma de suas características centrais, pois ela denota os sentimentos e, principalmente, as opiniões construídas por um determinado grupo social. Consequentemente, ele pode variar substancialmente de indivíduo para indivíduo.


O senso comum expressa, também, avaliações qualitativas, à medida que considera os efeitos produzidos pelos objetos externos aos nossos órgãos dos sentidos, determinando o agrupamento de fatos, grupos e coisas.

Um bom exemplo disso pode ser encontrado no fato de que, hoje em dia, tendemos a considerar que todas as pessoas muçulmanas são terroristas, devido aos atentados perpetrados por algumas pessoas pertencentes a essa religião. Dessa forma, o senso comum pode criar estereótipos e ser bastante generalizador.

Isso ocorre porque o senso comum é capaz de projetar sentimentos negativos, como o medo e a angustia, cristalizando preconceitos e prejudicando minorias e indivíduos que, por um motivo ou outro, não integram aquilo que é considerado “normal” em uma determinada sociedade.

Dado o seu potencial desagregador, é imprescindível compreender que o senso comum é estreitamente vinculado aos nossos instintos, ou seja, à necessidade que os seres humanos têm de se proteger de ambientes hostis.

Conhecimentos científicos

Os conhecimentos científicos diferem do senso comum porque suas afirmações se baseiam em observações, pesquisas, formulação de hipóteses e suas comprovações por meio de uma metodologia científica.

Os conhecimentos de senso comum, por sua vez, são explicados pela continuidade de hábitos. A ciência necessita de provas quantitativas e concretas para entender a causa dos fenômenos.

Para o grande filósofo grego Aristóteles, os conhecimentos científicos resultam das causas pelas causas. Isto é, tratam-se de conhecimentos que possibilitam tanto a repetição quanto a demonstração.

senso comum

As teorias que fundamentam os conhecimentos científicos devem necessariamente prever, explicar e descrever da forma mais completa possível diversos conjuntos de fenômenos. Elas precisam, ao fim, disponibilizar as leis que permitem a todos – indiscriminadamente – compreender os fatos propostos.

Os conhecimentos científicos, portanto, opõem-se às características principais do senso comum, uma vez que resultam de pesquisas que priorizam o método e da comprovação de teorias. As ferramentas que permitem à ciência consolidar suas investigações são fornecidas pela filosofia da ciência.

Trata-se de um trabalho racional e sistemático, totalmente contrário ao senso comum que, conforme mencionado, é regido pelos hábitos, culturas e tradições dos distintos grupos sociais.

Senso Crítico

O senso crítico é uma forma de conhecimento que se fundamenta no uso de nossa razão e, indo contra o senso comum, uma vez que não aceita nenhuma verdade sem, antes, questioná-la. A capacidade de discernir, julgar e avaliar equilibradamente é o elemento característica dos indivíduos que pensam criticamente.

Dessa forma, o senso crítico encontra nas dúvidas os seus mais firmes alicerces, por meio de questionamentos que levam os homens à contestação e à reflexão. A mudança da realidade constatada passa, então, a ser buscada após esse primeiro momento de compreensão.

Senso comum e filosofia

A filosofia considera o senso comum como uma capacidade – comum a todos – de julgar e sentir a partir das sensações. Desde a sua primeira citação, existe uma consistência no chamado “senso comum filosófico” (sobretudo, nos escritos deixados por Aristóteles), que o entendia como uma capacidade geral de sentir as coisas, tendo duas funções essenciais:

  • Constituir a consciência de uma determinada sensação, isto é, um “sentir do sentir”;
  • Apreender as sensações que são comuns aos diferentes sentidos.

O escritor latino clássico Sêneca via no senso comum uma forma de falar ou de viver, de modo que ele seria o objeto por excelência da filosofia. Vico, filósofo político que viveu no século XVIII, complementaria esse conceito, afirmando se tratar de um juízo carente de reflexão, compartilhado entre todos os seres humanos e usado como ponto de partida para a tomada de decisões.

O filósofo escocês Reid (também pertencente ao século XVIII) afirmava que o senso comum é o conjunto de crenças dos homens, de modo que deveria ser sempre utilizado para solucionar quaisquer dúvidas filosóficas

O atual conceito de senso comum parte de John Dewey, filósofo do século XX, que o definiu como um sistema constituído por instituições, interesses, tradições, técnicas mantidas e criadas no interior de um grupo social.

Segundo Dewey, além de não ter nenhum significado fora desse grupo, o senso comum possui um caráter menos intelectual do que prático e se referem às relações estabelecidas entre as pessoas e o ambiente no qual vivem.

senso comum

Exemplos

Há inúmeras “verdades” que nos foram transmitidas pelo senso comum por meio de tradições culturais, familiares e históricas. Confira, a seguir, duas delas:

13

Esse número é considerado de péssima sorte, sobretudo, quando cai em uma sexta-feira. Muitos indivíduos evitam fechar negócios, fazer reuniões ou empreender viagens nesse dia.

Ainda que você não acredite em nada disso, de alguma forma, essa crença supersticiosa está profundamente arraigada em sua mente e, talvez, você nunca tenha se perguntado os motivos que levam tantos a afirmar que a sexta-feira 13 é um dia de azar.

Cor Vermelha

Recentemente, começou-se a espalhar um mito de que as meninas recém-nascidas devem ser vestidas de vermelho, a fim de atrair boa sorte. Assim, muitas mães fazem questão de garantir que as roupas de suas bebês sejam dessa cor.

Contudo, qual relação poderia haver entre a sorte e a cor vermelha? Talvez, tudo tenha sido criado pelos fabricantes de roupa, não é mesmo? O mais curioso é que não há nenhuma cor especificamente destinada aos bebês do sexo masculino.

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yasmin