Língua Portuguesa

Definição e significado de negligência

O substantivo feminino “negligência” é oriundo do latim “negligentia” e, embora expresse preguiça, desatenção ou ausência de cuidados, pode ter diferentes sentidos, dependendo do contexto.

Sem embargo, podemos afirmar que, desde um ponto de vista semântico, o termo significa a atuação irresponsável perante um compromisso, falta de empenho ao realizar tarefas, falta de zelo, descuido ou desleixo.

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Pensando nisso, apresentamos, ao longo deste artigo, algumas das possibilidades de entendimento do conceito de negligência, bem como sua implicação em nosso cotidiano. Boa leitura!


Como podemos compreender o conceito de negligência?

Caso você considere que a negligência pode ser entendida como aquela sensação de indolência que, vez ou outra, toma o nosso corpo, então, está certo; porém, essa é somente uma de suas manifestações ou formas.

A negligência origina-se em uma das características ou qualidades que são inerentes a toda matéria, qual seja, a inércia. Sim, é o mesmo conceito de inércia que você estudou nas aulas de física durante o ensino médio.


Para entender o seu funcionamento, é preciso compreender, antes, que a inércia não atua somente nos corpos sólidos, mas, também, junto as formas mais sutis da matéria, tais como as ondas de rádio, o pensamento, o som, entre outras.

A inércia não deve, em si mesma, ser tida como algo bom ou mau: tal como outros fenômenos manifestados, ela poderá ser má ou boa segundo sua aplicação e uso.

Sendo assim, podemos compreender que a negligência é tão somente o estado de inércia do corpo, isto é, a tendência de manter o repouso até que determinado impulso externo modifique o seu estado.

Esse impulso é determinado pela vontade – energia que, a despeito de ser canalizada pelos seres humanos, não nos pertence, à medida que integra a natureza de tudo o que que existe no mundo.

Por manifestar-se das mais variadas formas, a negligência pode ter muitas caras e, em certas ocasiões, pode passar despercebida quando julgamos agir com presteza quando, na realidade, estamos sendo negligentes.

Ela pode ser considerada, também, um dos piores vícios: quando a negligência nos domina, ficamos impedidos de fazer o que precisa ser feiro, tornando nossas vidas sem sentido, inoperante e profundamente confusa.

Trata-se, em suma, de uma espécie de barreira ao nosso desenvolvimento mental, à medida que não permite que façamos um uso justo das potencialidades do nosso organismo.

Dito de outra forma, é como se você possuísse uma ferramenta e nunca viesse a utilizá-la para a finalidade a que ela se destina. A partir da negligência, fazemos uma utilização adversa de nossos próprios corpos e, nesse sentido, pode ser considerada uma forma de alienação de nós mesmos.

Lembre-se de que, ao deixar de fazer o que é devido, você deixa também de aprender com essas coisas – seja o estudo, o trabalho, o lazer etc. Logo, a negligência é um dos piores defeitos humanos, sendo necessário dominá-la para efetivar todo o seu potencial.

negligência

Confúcio e a negligência

O sábio chinês Confúcio dedicou quase toda a vida para ensinar a sua filosofia. Ele sustentava que seus ensinamentos estavam abertos a todas as pessoas, exceto às negligentes.

Confúcio sabia que dedicar-se ao desenvolvimento intelectual e mental de indivíduos negligentes representa um contumaz desperdício de nossa energia que, enquanto bem finito e esgotável, deve ser melhor canalizada.

Como a negligência se manifesta?

Conforme mencionado, a negligência pode se manifestar das mais variadas formas, possuindo diversos “rostos”. Tal como os vícios, ela pode se camuflar e, assim, dificultar sua identificação. Contudo, é fundamental conseguirmos identificá-la, caso contrário, não será possível superá-la.

A forma mais identificável e comum consiste na indolência do corpo, que se manifesta, sobretudo, pelas manhãs, aos finais de semana ou depois de uma boa refeição. Ela também surge quando procrastinamos. Quantos de nossos sonhos morrem no berço, sem jamais os realizarmos na prática?

Por mais que desejemos fazer exatamente o contrário, somos tomados pela negligência nas menores desatenções, deixando a louça para ser levada amanhã, prometendo iniciar um regime após o fim de semana ou aqueles bem-intencionados planos que nos comportemos a efetivar no ano-novo.

Essa é, portanto, um dos aspectos da negligência que nos leva a pensar que estamos verdadeiramente agindo segundo nossa livre vontade, simplesmente pelo fato de determinarmos datas futuras para começar certas tarefas.

negligência

Tudo isso não passa de uma quimera, uma vez que a grande maioria de nossos projetos poderiam ser colocados em prática imediatamente, não é mesmo?

Outra de suas facetas pode ser encontrada no descompromisso com tudo o que consideramos importante, tratando essas coisas de qualquer forma, adiando continuamente nossos afazeres, abandonando cursos, acumulando tarefas sem acabamento, presentes sem papel de embrulho, não recolhendo o lixo produzido por alguma atividade.

Trata-se, enfim, de tudo aquilo que deixamos de fazer. É preciso ter cuidado, principalmente, com as ditas “pequenas coisas”, à medida que é justamente nelas que a negligência se prende.

Nossa vaidade se encarrega de esconder o lado negligente que apresentamos diante das grandes coisas, logo, a negligência acaba por dar vazão nas coisas de menor importância e que não podem ser facilmente percebidas pelas pessoas à nossa volta.

É você com a sua consciência, com a segurança de que não há ninguém observando. Nesses momentos, e possível descobrir se uma pessoa é negligente ou não, ou quanto nós, realmente, nos dominamos.

Fique atento, pois, trabalhar bastante e fazer várias coisas importantes não significa que um determinado indivíduo pode ser considerado livre dessa má influência: ambas as coisas podem caminhar juntas.

Esse é um dos disfarces mais sutis da negligência, pois, mesmo trabalhando duramente, esse trabalho pode estar sendo realizado de modo negligente, sem comprometimento, sem se preocupar com prazos de entrega, resultados etc.

A burocracia, por sua vez, é uma das formas adotadas pela negligência. Tenha em mente que profissionais e instituições excessivamente burocráticos procuram encontrar, no fundo, um bom pretexto para adiar ou deixar de fazer coisas importantes.

Convém ressaltar, por fim, que integram a camuflagem da negligência todas aquelas desculpas que são dadas para justificar as coisas que não são feitas de imediato, de modo adequado ou dentro de um prazo razoável. Essas desculpas são, na imensa maioria das vezes, tão nobres que, por vezes, podem chegar a convencer as pessoas menos atentas.

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