Expressões em inglês

Emo vem de emotional hardcore, gênero musical dos anos 80

O que lhe vem na cabeça ao pensar em uma pessoa emo? Não estamos falando de características de personalidade, mas de aparência mesmo. Provavelmente um jovem de cabelo com franja penteada para o lado (preferencialmente), olhos maquiados com lápis preto, cintos com grandes fivelas e piercings pelo rosto.

Mas essa é a parte mais “agressiva” do visual, pois o emo promove uma mistura curiosa de elementos hardcore com cores mais abertas, associadas ao mundo juvenil. Emos utilizam tênis coloridos e, alguns, camisas e calças de cores quentes.

O emo seria uma fusão singular de opostos, no que se refere à parte estética. Mas o movimento conhecido como emo não surgiu a partir da estética, mas de um gênero musical que, à primeira vista, não sinalizava que formaria um grupo identificado com o estilo que assumiria as feições identitárias comportamentais que vieram a exibir.

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Como surgiu esse movimento? Qual a origem do emo, o significado do nome, as características do gênero musical?

Se sempre teve curiosidade de saber mais a respeito, chegou a hora de se inteirar. Prossiga na leitura!


O que é e de onde surgiu o emo?

O termo “emo” vem de “emocore”, como originalmente o estilo foi taxado, que significa emotional harcore, algo como “emotivo ao extremo”, “emoção extrema”, “feito com extrema emoção”, enfim, intenso.

Esse tipo de música se caracteriza por ter um tom confessional, o relato de uma paixão perdida ou não correspondida, fracassos ou angústias pessoais regadas a muita melancolia e guitarra, ao invés de violino.

Esse movimento musical não surgiu de forma racionalizada, não teve uma figura central que colocou o estilo na praça sabendo que dava início a um novo marco na cena musical. Aliás, muitos dos elementos apontados na música que veio a ser conhecida como emo já existiam. Portanto, o gênero em si não representou uma ruptura ou uma inovação arrebatadora.

A novidade foi a junção de alguns elementos que gerou um novo sabor, exótico, mas que não significou transformações profundas ou duradouras.

Lembra quando a pizza de chocolate era uma novidade? Deve ter pensado: “será que isso é bom”? Uma mistura inusitada e impensada até aquele momento.

Você experimentou, achou bom, achou mais ou menos ou achou uma droga, e a vida seguiu. Agora substitua a pizza de chocolate pelo movimento emo e terá ideia de seu impacto no mundo da música.

Isso não significa que o estilo não tenha sido elemento transformador na vida das pessoas que se identificaram com as suas características, mas analisando, porém, no sentido macro, no todo da sociedade, no círculo artístico, seu impacto foi pontual.

Emo

O início do emo

Como mencionado atrás, o que se denomina emo não surgiu de forma racionalizada, não teve um marco inicial, um evento, uma semana de arte moderna de 1922, por exemplo.

Publicações independentes norte-americanas da década de 1980 criaram o termo emocore para designar as bandas do cenário hardcore, punk e afins que tinham letras com as características que vieram a marcar o estilo: melancolia, sentimentalismo, solidão etc.

Algumas dessas bandas:

  • Rites of Spring;
  • Embrace;
  • Jimmy Eat World;
  • Dashboard Confessional;
  • Fall Out Boy;
  • Panic! at the Disco;
  • My Chemical Romance.

Detalhe que muitos desses grupos jamais admitiram se identificar com o movimento que veio a se formar mais tarde. Uma das razões é que essas bandas e os grupos identificados como emo passaram a ser vistos de forma pejorativa.

A construção identitária

Como ocorre com todo fenômeno cultural, os grupos que encontraram um ponto de convergência com o estilo musical passaram a desenvolver uma identidade própria, um jeito de se vestir específico e até um modo de agir bastante característico, ao menos na visão da tribo em formação.

O visual descrito no começo desse texto teve como princípio os elementos mais marcantes do gênero em ascensão.

Como as músicas tratavam de problemas típicos dos jovens, mas muito caros a esse público (o amor não correspondido, a rejeição, problemas de identidade), o aspecto “dark” do hardcore dialogava com a intensidade e o caráter melancólico recorrentes nos sons e letras do estilo. Por isso, essas cores carregadas foram incorporadas ao visual.

Quanto à parte mais colorida, isso se deve ao sentimentalismo expressado nas canções. Emotividade costumeiramente associada ao público mais jovem. De fato, o grupo que mais se identificou com o movimento foi o público adolescente.

O lado emotivo é uma faceta mais bem aceita no público feminino, mas no masculino tal comportamento é encarado como um estigma. É visto como um sinal de fraqueza, imaturidade ou orientação sexual diferente da sugerida pela constituição física.

Realmente, o público LGBT teve boa aderência ao movimento emo. A razão, ou uma delas, era a receptividade a demonstrações de sentimentalismo e afetividade por parte do público masculino.

Tal percepção fez com que muito da rejeição ao emo e tudo que representava tivesse uma alta carga de preconceito homofóbico. Preconceito que justificou todo o tipo de depreciação ao novo tipo que imergia na sociedade. Talvez um dos motivos da onda emo ter passado com a mesma força que surgiu.

Emo

Apesar de você

O que motivava, em parte, muitas pessoas a abraçarem o estilo mesmo sendo objeto de execração por alguns grupos, e mesmo não se identificando como homossexual e suas variantes, é que o comportamento adotado pelo homem emo era uma quebra do que se era esperado da imagem masculina de então.

Esse comportamento era uma forma de contestação, de fugir da norma vigente na sociedade, uma forma de rebeldia.

No Brasil

A onda emo chegou ao Brasil quando já perdia fôlego nos EUA. No Tio Sam, a cultura surgiu nos anos 1980, ganhou força nos anos 1990, mas veio a encontrar seu crepúsculo no começo dos anos 2000.

É nessa época que aportou no Brasil com força, obtendo seu apogeu de 2005 a 2010. Mas foi esmagada em seguida pelo tsunami sertanejo universitário industrial (de tão profícuo e genérico) e pelo funk melódico jactante e egocêntrico.

As bandas mais representativas do movimento, ao menos consideradas pelo público externo, pois algumas se negam a se posicionarem como emo ou de passado emo, são:

  • NXZero;
  • Restart;
  • Fresno;
  • Hateen;
  • Cine;
  • Replace;
  • Fake Number.

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yasmin